Se você pensa que o Alasca não passa de um imenso bloco de gelo, está na hora de ir para lá. E de navio, que é a melhor forma de conhecer o que esse estado americano tem de mais bonito: o labirinto de canais junto à costa. Ao contrário dos cruzeiros tradicionais, onde as atenções se concentram no próprio navio e nas suas paradas, já que, na maior parte do tempo, só se vê o mar, nos navios que passeiam pelo Alaska a paisagem está sempre ao alcance dos olhos. E que paisagem! Impressionantes penhascos cercam as águas calmas, por onde os navios deslizam, driblando blocos de gelo que flutuam aqui e ali. Geleiras enormes se alternam com florestas de pinheiros e paredões de rocha.
E, conforme a luz do sol, o branco das geleiras se transforma em cores do arco-iris. Como se não bastasse, o sol brilha até 20 horas por dia entre julho e agosto, auge do verão e da temporada de cruzeiros que vai de maio a setembro, com partida e chegada no porto de Vancouver no Canadá.
Não é fácil ver ursos polares, mas eu vi um, impressionante. Em compensação, no caminho as baleias orcas, chegam bem próximas aos navios, assim como as águias, que vêm pescar seu almoço.
E também não faltam as paradas em terra firme. Uma delas é a própria capital do Alaska, Juneau, à qual só se chega pelo céu ou pela água. Ela e as outras cidadezinhas da Passagem Interna nasceram com a corrida do ouro, que agitou o Alaska no final do século 19, e desde então preservam sua aparência de cidade de faroeste.
Nessas paradas, surgem também as oportunidades de passeios que tornam os cruzeiros ainda mais interessantes e originais, trocando-se os navios por helicópteros e aviões. Assim dá para sobrevoar a monumental geleira de Juneau, uma das maiores do mundo, onde se pode, inclusive, pousar sobre o gelo.. Acredite: você nunca viu nada igual!
O mesmo vale para os lagos dos Misty Fjords, ou Fiordes Enevoados, onde o pouso é de hidroavião. Já em Skagway, outro vilarejo da época do ouro, pega-se o trem de uma antiga ferrovia, que atravessa desfiladeiros muito mais excitantes do que qualquer montanha-russa.
E o melhor é viver uma aventura dessas num navio com todas as mordomias. Algo que os antigos exploradores do Alaska jamais poderiam imaginar. E que você talvez não soubesse que existia.
Bem, depois de maravilhosa viagem pela costa Leste e Oeste do Canadá e quando da última escala em Vancouver, de lá, partimos de avião para Anchorage, que é uma linda cidade dos Estados Unidos, localizada no estado do Alaska. De Anchorage viajamos de ônibus para Seward e a rota entre as duas cidades, de duração de 3 horas, é considerada uma das mais lindas e cênicas do Estado. Fiquei extasiada com a vista de deslumbrantes glaciares azulados, cachoeiras, e íngremes encostas de montanhas decoradas com árvores cobertas de flores silvrestres de um colorido purpurino. Em Seward, com seu movimentado porto com diversos transatlânticos ancorados entre os quais o Radiance of The Seas, no qual, após, as exigências alfandegárias embarcamos, e aí, começou uma das mais gostosas e relaxantes férias.
Após a acomodação nos respectivos e confortáveis camarotes e demonstração de sobrevivência, a bordo, no caso de algum imprevisto durante a viagem, fui fazer um passeio de reconhecimento do navio até a hora do jantar. Durante os dias do cruzeiro estão inclusos o regime de pensão completa (café da manhã, lanches, almoço, jantar e ceia, e toda a programação de atividades e lazer).
O navio, por si só, já é um confortável e luxuoso resort cinco estrelas com elevadores panorâmicos voltados para o mar e um atrium de vidro com 9 andares de altura, o que proporciona uma vista espetacular para as geleiras. Seu “deseign” aéro-dinâmico oferece total conforto, velocidade e espaço para os 2.100 hóspedes e seus 860 tripulantes. Boates com música ao vivo, cassino, spa, sauna, centro de esportes, biblioteca, teatros, piscinas, salão de beleza, free shop e vários restaurantes, fizeram da viagem um sonho de fada.
Bem, a primeira noite, o dia e a noite seguintes navegamos através das águas da Inside Passage (que ignifica passagem interna). É um emaranhado interminável de ilhas, fiordes e encostas montanhosas, que proporciona aos navios uma ampla avenida de águas tranqüilas e um balanço doce e suave.
A terra está sempre ao alcance dos olhos, a bombordo e a estibordo. Quem estiver no convés verá um desfile de paisagens deslumbrantes, de picos nevados a floresta de pinheiros, eventualmente, um alce atento à beira-mar ou uma revoada de albatrozes ou baleias à vista.
O Hubbard Glacier, o mais longo rio gelado da América do Norte é também um dos mais ativos glaciares de sua espécie no Alaska. Os navios são construídos especialmente para poder se aproximar o mais perto possível dos glaciares e assim proporcionar aos passageiros a melhor visão possível desta maravilhosa e gigantesca massa gelada com suas 1.350 milhas quadradas de gelo azulado. Ficamos aproximadamente uma hora e meia bem em frente ao Glacier, contemplando essa incrível arquitetura, obra prima da natureza, assinada pela mão de Deus.Nossa primeira escala foi em Skagway, localizada na nascente do Rio Skagwy primeira cidade incorporada ao Alaska em 28 de junho de 1900 com população de 862 habitantes, localizada em Upper Lynn Canal ao norte da Inside Passage. Portão de entrada para a corrida do ouro é a maior cidade do Alaska, com 455 milhas quadradas, habitada há mais de quatro séculos pelos Tinglit, nativos da região que abandonaram o local devido a Klondike Golden Rush (corrida do ouro). A civilização aparentemente chegou com o princípio da construção da ferrovia de White Pass e a Rota de Yukon, em maio de 1898. Quando se concluiu a construção até Whithorse, no território de Yukon, a febre do ouro já havia passado. A Yukon Route, é a velha ferrovia do ouro, obra prima da engenharia, com pouco mais de 32 quilômetros de extensão que supera gargantas profundas rumo ao White Pass e ao interior do Canadá.
Desde 1900, Skagway serviu como base ferroviária e porto de escala. A estrada de ferro foi a base da economia local por mais de 80 anos, até seu fechamento em 1982, e foi reaberta em 1988, como atração turística para o verão. A indústria do turismo manteve-se a um nível mínimo até 1920, crescendo cada vez mais e tornando-se uma grande força na economia, sendo o mais forte setor nos dias de hoje, que se faz através dos navios de turismo que fazem escala em seu porto, chega a receber 10 mil turistas num único dia de verão, quando seus “piers” acolhem até cinco transatlânticos.
No distrito histórico da cidade, muitas das fachadas e calçadas datam da época da febre da exploração do ouro. O porto de Skagway, dá para ter idéia do tamanho da aventura que foi a corrida do cobiçado minério. No verão, os ventos são, em geral, muito fortes. As temperaturas variam entre 15 e 21 graus centígrados.
É uma cidade-cenário para aquisição de “souvenirs” caros e peles baratas, com grande variedade em jóias, presentes e comida local, à base de peixe (salmão) que pode ser encontrado embalado para viagem Lá comprei uma belíssima boneca Yukon para a minha neta. Fecha no inverno, quando os lojistas voltam para a Califórnia, onde realmente vivem.
Após uma etapa noturna amanhecemos em Juneau a mimosa e faceira capital do Alaska e terceira maior cidade.do estado e repleta de contrastes, sendo sofisticada e cosmopolita, no coração da Floresta Nacional de Tongass. A rica cultura e histórias locais podem ser observadas nos seus diversos museus e por toda a cidade, que é protegida por altas montanhas e voltada para o Canal de Gastineau.
Observei a mais famosa atração do Estado, as formações glaciais Mendenhall, com sua impressionante face com mais de 30 metros de altura e 2,5 quilômetros de largura apresenta cenário formidável: geleiras, picos nevados e desfiladeiros de massas congeladas. Sobrevoar a poucos metros acima da grande geleira de arestas pontiagudas do Norris Glacier é uma façanha que empolga e extasia qualquer visitante. A imensa geleira, uma das cinco mil existentes no Alaska, deixa apenas de ser uma miragem quando o pequeno avião descarrega os passageiros sobre a sua superfície azul. No observatório do Serviço Florestal Americano, vale a pena participar de uma rara demonstração sobre os movimentos glaciais.
A Franklin Street está repleta de “souvenirs”, o Red Doig Saloonn, uma antiga taverna que ainda guarda o espírito dos anos da corrida do ouro, quando o Alaska chegou a ter três das cinco maiores minas do mundo. De Juneau o “Radiance” partiu direto para Ici Strait Point – Hoona quando utilizamos pequenos barcos motorizados para desembarcar na cidadezinha que é o único porto da região selvagem do Alaska. Esta área foi o lar dos nativos Tlingit de Huna por milhares de anos. É beleza, grandeza histórica. Aí temos uma amostra do Alaska real.
Construído para uma indústria e restaurado para o prazer dos visitantes, há décadas o porto gelado do Strait foi o ponto de uma das fábricas de conserva do salmão, e uma das mais produtoras do mundo. Hoje, é um testemunho vivo do passado. Restaurada integralmente, a fabrica de conserva gelada do porto de Strait reabriu em 2004. Seus salões mostram toda a história da família que investiu no negócio original, lojas, um museu e uma exposição da fábrica de conservas de 1930.
Há muito que fazer no neste ímpar logradouro, como ver baleias, ursos marrons, águias, visitar florestas antigas, ou andar pela praia e participar de um cerimonial com os nativos ao redor de uma fogueira. Depois comer e apreciar um hamburger de salmão, delicioso!...
Oportunidade única de entrar em contato com a cultura local, ouça as histórias tribais, experimente a dança dos Tinglit e compre lembranças no grande balcão do salão.
Desfrutando do conforto e mordomias do hotel transatlântico nossa última escala foi em Ketchikan , a cidade do salmão, rodeada de bosques de cedro, abetos e cicutas que a envolvem harmoniosamente com seu sombreado acolhedor, e considerada como a primeira do estado do Alaska. Ruas de madeira, em círculo, como a linda e chamativa Creek Street, ás margens do canal Ketchikan, cheia de lojas e cafés, que no passado foram os bordéis mais conhecidos e famosos do Alaska. Lá, visitei o bordel da Dolly, preservado em detalhes, com o mobiliário original e mulheres vestidas a caráter, uma personificando da própria Dolly, e, que funcionou até os anos 60. A casa é pintada na cor verde, não tem o que errar.. Fiquei encantada com o lugar, que por duas vezes já visitei, e cada vez encontro mais coisas a desvendar. Tirei fotos com a falsa Dolly e suas amigas de grandes aventuras no passado. Caminhei vagarosamente ao longo da tranqüila, aconchegante e atraente avenida,.depois, debrucei-me sobre a amurada de madeira que contorna a Creek Street ao longo do rio, para apreciar os salmões nadando, tranqüilamente, nas águas mansas do canal, ao mesmo tempo que saboreavam migalhas de pão atiradas por mim e outros turistas.
Para a aquisição de tótems de cedro (madeira) imitação autêntica das habilidades Tinglit, as melhores amostras encontram-se no Totem Bight State Park a 16 km. do centro da cidade.
Visitei uma fazenda de criatório de salmões e fiquei admirada com a quantidade de peixe que existe no local. Você pode pegar com as mãos um salmão sem fazer o mínimo esforço. Foi por demais! Quanto a magnífica e estonteante natureza, deslumbrei-me a bordo de um hidroavião sobrevoando os soberbos Misty Fiords pousando no Lago Nooya. Só vendo para sentir e curtir esta indescritível parte do Alaska.
De Ketchikan, navegando através da Inside Passage retornamos a Vancouver, já no Canadá e de lá para o Brasil, pousando primeiramente em São Paulo e depois, Belém do Pará, onde realmente começa a Amazônia e tudo é diferente.
Se você pode, eu recomendo, faça esta viagem de sonho e realidade.
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